Nos bastidores: a verdade sobre o set de ‘Anora’

Nos bastidores: a verdade sobre o set de ‘Anora’

Triunfo de Anora no Oscar é ofuscado pela controvérsia

Apenas um dia depois de Anora virar manchete por ganhar vários prêmios de prestígio no Oscar, uma controvérsia surgiu nas redes sociais com uma postagem que ameaçava manchar a narrativa comemorativa do filme. Este indie de baixo orçamento, elogiado por sua narrativa e direção, de repente se viu diante de alegações relacionadas às suas práticas de produção.

Alegações de Evasão Sindical

No Crew Stories, uma plataforma de mídia social bem conhecida para membros da equipe abaixo da linha, um crítico anônimo acusou o diretor Sean Baker e a produção de contornar deliberadamente a International Alliance of Theatrical Stage Employees (IATSE) durante as filmagens do filme em 2023. A crítica alegou que o projeto de US$ 6 milhões cortou custos às custas de sua equipe, negando-lhes horas de trabalho cruciais necessárias para se qualificar para os benefícios de saúde do sindicato. O problema teria se agravado quando os membros da equipe tentaram sindicalizar a produção, o que eles finalmente conseguiram fazer após enfrentar resistência tanto da equipe de produção quanto de Baker, que foi caracterizado como não cooperativo durante o processo.

Reações e esclarecimentos da indústria

Embora críticas anônimas não sejam incomuns na indústria cinematográfica, essa alegação em particular atraiu atenção significativa. Conforme a situação se desenrolava, vários membros da equipe da Anora, incluindo um mestre de adereços e assistentes, usaram os comentários para defender a produção. Eles afirmaram que as condições de trabalho eram normais para um filme independente não sindicalizado, mas as perguntas sobre o que aconteceu no set ficaram mais altas.

O que realmente aconteceu no set?

Para se aprofundar mais na verdade por trás dessas alegações, o The Hollywood Reporter entrou em contato com uma variedade de indivíduos envolvidos na produção. O feedback recebido descreveu um cenário típico de filmes independentes em transição para o status de sindicato no meio da produção. O envolvimento do IATSE ocorreu poucos dias antes das filmagens serem concluídas em Nova York e a produção se mudar para Nevada, levantando questões sobre por que o sindicato agiu tão tarde no processo.

Notavelmente, Baker é uma figura proeminente na produção cinematográfica independente, com elogios por projetos anteriores como Tangerine, The Florida Project e Red Rocket. No entanto, apenas The Florida Project foi produzido sob um contrato da IATSE. Os detalhes de quem alertou a IATSE sobre o status não sindicalizado de Anora permanecem obscuros, embora os produtores do filme tenham se recusado a comentar as alegações.

Preocupações Sindicais e Dinâmicas de Produção

A justificativa para transformar uma produção não sindicalizada em sindicalizada pode variar muito. Os relatórios para o IATSE podem surgir de várias motivações, incluindo membros da equipe buscando pagamento padrão do sindicato ou querendo acumular horas para elegibilidade no plano de saúde do sindicato. Curiosamente, de acordo com depoimentos, as discussões da equipe sobre sindicalização não ganharam força até o final da produção, deixando a maioria dos membros da equipe surpresos com o impulso repentino de sindicalização.

Apesar das alegações iniciais de condições abaixo da média, muitos membros da equipe expressaram satisfação com seus salários e ambiente de trabalho.“Fui pago de forma justa e nunca fui enganado sobre o orçamento”, afirmou a chefe de adereços Kendra Eaves no Instagram, enquanto outros ecoaram o sentimento de que os salários eram competitivos com as taxas do sindicato.

Transição para o status de união

Quando o Local 52 começou a circular um voto pela sindicalização entre a equipe, a maioria foi a favor da transição. Representantes da IATSE se juntaram ao set durante uma filmagem de cena, levando a negociações e uma breve pausa nas filmagens. Os membros da equipe relataram que Baker reagiu positivamente, expressando gratidão e apreciação pelos esforços da equipe.

Em última análise, a decisão de sindicalizar significa que a produção se alinharia à estrutura de benefícios da IATSE, fornecendo suporte crucial para o bem-estar dos membros da equipe. Essas transições, embora benéficas, destacam a luta que muitos projetos independentes enfrentam em relação ao orçamento para condições sindicais desde o início.

O panorama do cinema independente

Muitos cineastas independentes inicialmente evitam contratos sindicais para manter a flexibilidade criativa e gerenciar orçamentos mais apertados.À medida que os padrões e expectativas da indústria evoluem, evitar o IATSE compromete a integridade da produção e levanta discussões mais amplas sobre as condições de trabalho para os membros da equipe.

O próprio Sean Baker compartilhou insights sobre os desafios de trabalhar com equipes maiores e sindicalizadas que podem não se alinhar com seu estilo de filmagem não convencional. Refletindo sobre sua experiência com The Florida Project, ele notou as dificuldades de executar cenas espontâneas com uma estrutura de equipe maior.

Olhando para o futuro: o impacto da Anora

Os recentes elogios de Anora destacaram as discussões em andamento sobre práticas trabalhistas no cinema.À medida que novas indicações e prêmios se aproximam, o escrutínio da ética de trabalho e das decisões de produção de Baker provavelmente se intensificará. Baker pretende continuar com o estilo de produção cinematográfica independente que ele defende. A questão permanece: seus projetos futuros adotarão a sindicalização desde o início ou enfrentarão outra mudança no meio da produção?

A dinâmica da produção cinematográfica independente está em constante evolução, e Anora serve como um estudo de caso sobre como as práticas da indústria se entrelaçam com os direitos trabalhistas, especialmente em uma era cada vez mais sensível ao bem-estar da equipe.

Mia Galuppo contribuiu para esta análise.

Fonte e Imagens

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